domingo, 13 de julho de 2014

FALANDO SOBRE PORTFOLIO FOTOGRÁFICO




 
De modo geral, a palavra portfolio designa um conjunto de trabalhos realizados por um fotógrafo, que seja capaz de demonstrar todas as suas habilidades ou pelo menos, a maioria delas – deve portanto, ser composto de suas melhores e mais expressivas obras.

O portfólio não carrega apenas, “amostras” das fotografias de determinado fotógrafo – sua apresentação, materialização, projeto visual gráfico e conceito transmitem ao cliente o perfil do profissional em termos de estilo, de organização, capacidade de sintetização, etc.
Dessa forma, os fotógrafos que antes se dedicavam a, exclusivamente, à fotografia se deparam hoje, com a necessidade de um estudo mais profundo relacionado ao design gráfico, à arte e à estética. Mesmo que ele próprio não crie um projeto visual gráfico para seu portfólio, necessitará de conhecimento para orientar o executor e para ser capaz de avaliar o resultado obtido.

Torna-se fundamental, avançar nos estudos e ampliar as áreas de conhecimento.

Um dos equívocos, que mais ocorre é a confusão entre portfólio e amostras de mídias com as quais, o fotógrafo trabalha.
O portfólio apresenta, unicamente, a capacidade do profissional como fotógrafo através de fotos e as amostras de mídias (álbuns, fotolivros, cases, boxes, etc), embora devam ser compostas de fotografias de sua autoria, têm a função de mostrar ao cliente as diversas opções de produtos impressos, encadernados, em folhas soltas ou não.

Amostras de álbuns não servem como portfólio e vice- versa.

Reforço, sempre, que os profissionais devem vender aos clientes o trabalho impresso, além dos “originais” em mídia digital. Antes de tudo, pelo próprio cliente, que passa a ter sua memória materializada e por isso, mais próxima, mais real provocando com maior intensidade, a emoção contida na fotografia. Para os fotógrafos, ter seu trabalho impresso carrega grande significado – trabalho realizado, efetivado, cristalizado. Além disso, existem razões mercadológicas apontando para as vantagens dessa opção. A mídia digital tem enorme apelo, mas se o fotógrafo pretende entregar ao cliente um álbum encadernado, via de regra, terá mais facilidade na negociação, se tiver modelos concretos para mostrar. Assim, é interessante que o fotógrafo tenha disponíveis e atualizadas, uma amostra impressa de cada modelo com o qual trabalha para mostrar ao cliente.

As amostras apresentarão opções de diagramação, dimensões, encadernação, impressão e acabamentos e embalagens com os quais o profissional trabalha, além de demonstrar seu conceito estético.

Não é necessário que cada amostra possua o número máximo de páginas possíveis, mas um volume, que seja capaz de valorizar a encadernação – durante o atendimento, o fotógrafo deve esclarecer o cliente sobre a possibilidade de variar o número de páginas e de fotografias.
Um atendimento personalizado requer flexibilidade.

O Portfólio Impresso


Como já escrito, sua função é apresentar ao possível cliente, as capacidades profissionais do fotógrafo. Assim, antes de tudo, é preciso saber a que área da fotografia o portfólio será dirigido – o portfólio deve versar sobre um único tema, evidenciando coesão, especialidade.

Mesmo fotógrafos generalistas precisam ter portfólios dirigidos à área para a qual planejam prestar serviços. Nesse caso, será necessário um portfólio para cada área distinta.

Esse é o ponto de partida.

Se o fotógrafo quer atuar em casamentos, deverá apresentar um portfólio com fotografias sobre o tema, sob pena de parecer confuso, desorganizado e ter pouco conhecimento na área, além de correr o risco de irritar o possível cliente, fazendo-o perder tempo, vendo fotos que não o interessam.

Portfólios são essenciais em qualquer área da fotografia, quer seja comercial ou autoral.

O fotógrafo autoral também deseja mostrar seu trabalho, realizar exposições, vender suas peças e as casas indicadas para isso são as galerias de arte e afins. Cada galeria tem seu curador e é a ele que o fotógrafo deve encaminhar seu portfólio autoral.

 From Blurb

Escolhido o tema, inicia-se o processo de montagem do portfólio pela seleção das fotografias – nesse primeiro momento, a visão do fotógrafo é, ainda, muito nebulosa. Será necessária uma edição posterior a fim de filtrar daquele material, o que há de melhor e pode ser apresentado como um conjunto, compondo um discurso coerente e impactante.

* Editar, edição, editorar – estabelecer a boa versão de um texto (imagético, no caso de portfólios e livros de fotografia); dá-lo à luz; compor; ajustar; alinhar; arranjar; combinar; concordar.


O trabalho de edição de um portfólio não é tarefa fácil, pois envolve fatores emocionais, que podem desviar o fotógrafo de seu foco principal – um portfólio objetivo, claro, conciso e que traduza suas habilidades ou o conceito de seu projeto autoral.

Cada fotografia que realizamos – seja qual for o tema - é parte de nós, é uma faceta de nossa personalidade, representa nossas experiências e impressões do mundo. É nossa “palavra fotografada”. Por ela, temos imenso apego. Esse apego pode levar ao auto engano e a edição tornar-se um conjunto de memórias afetivas desconexas, gerando um portfólio ineficiente.

Para que o fotógrafo consiga filtrar seu material fotográfico de forma consciente é preciso amadurecer, exercitar, desenvolver senso crítico, ampliando o conhecimento nas áreas da linguagem visual, na comunicação, nas artes, na compreensão da percepção humana. Mais uma vez, embora repetitivo, o repertório cultural é demandado e seu desenvolvimento é fundamental. É preciso aprender a ler imagens.

É interessante, que o fotógrafo busque por outra avaliação de seu trabalho, depois da primeira edição. Assim, é possível minimizar a possibilidade de uma edição falha, em decorrência do “olhar afetuoso do fotógrafo”.

Essa segunda avaliação pode ser feita por um curador de galeria de arte, por um editor de fotografias de um meio de comunicação ou de uma agência ou por outro fotógrafo de confiança, que possua conhecimento para tanto. O que importa é a isenção e certo afastamento, em relação ao trabalho, que será avaliado.

Depois de escolhido o tema e finalizado o trabalho de edição, segue a fase da criação do projeto visual gráfico, que pode ser feito pelo próprio fotógrafo, caso ele possua capacidade, ou por um profissional habilitado. Essa é uma fase menos complexa do que a seleção e a edição, mas de grande importância - nesse momento as escolhas são cruciais, pois através delas, o profissional confirmará seu estilo, sua linha de trabalho e poderá produzir ou não, em seu público, a reação esperada.

Um dos Projetos Fotográficos mais interessantes que já vi!

Quando Montar um Portfólio

O fotógrafo sentirá, naturalmente, vontade de mostrar sua produção aos possíveis clientes, percebendo então, que é o momento de iniciar a montagem de seu portfólio.

Não importa se o portfólio será montado com trabalhos reais ou com experimentos – o objetivo é mostrar, levar ao observador sua capacidade e seu talento.

No início da carreira, a maioria dos fotógrafos realiza suas próprias produções, muitas vezes, com a ajuda de amigos ou mesmo, participa de algum evento ou sessão fotográfica sem cobrar, a fim de gerar material para composição de portfólio – esse é o caminho.

É importante não desperdiçar nenhuma oportunidade e cuidar das produções com esmero – cada foto é um trunfo, que poderá ser decisivo no momento certo.

A espinha dorsal da boa fotografia está na criação, na idéia e não na técnica, na câmera ou nas objetivas.

Portfólios são peças bastante pessoais, mas devem seguir algumas premissas, que já se mostraram eficientes.

. O portfólio deve ser composto, exclusivamente, das melhores fotos de um profissional.

. As fotografias, que fazem compõe o portfólio, o projeto visual gráfico e a apresentação devem ser harmônicos e personalizados – cada portfólio é único, assim como seu autor.

. Um portfolio com projeto gráfico interessante e criativo tem muito mais chances de impressionar o cliente, seja ele um curador de galeria de arte ou uma família, com a qual o fotógrafo fará uma sessão.

. O portfólio deve, também, preservar as fotografias que guarda. Assim, os materiais utilizados não podem ser “agressivos”.

. Se houver dúvida quanto ao esquema de cores a utilizar, dê preferência aos tons neutros – preto, branco, cinza, bege. Usando passe partout, busque harmonia entre ele e a capa do portfolio – use passe partout de uma só cor em toda a peça.

. Portfólios devem ter dimensões, que facilitem o manuseio e sejam fáceis de carregar. Mas não tão pequenos, que impossibilitem a avaliação das possibilidades das fotografias.

. Podem ter formatos diversos – aqui, a criatividade é um ponto forte – quadrado, paisagem, retrato. São boas dimensões: 25 X 25 cm; 20 X 30 cm.

. Portfólios devem ser montados com um número reduzido de fotos – entre 12 e 15. Com esses números, um bom profissional é capaz de demonstrar sua habilidade sem cansar o cliente. Caso o portfólio aborde um projeto autoral, que seja composto por um número maior de imagens, é interessante optar por um projeto gráfico diferenciado, diagramado, com fotos em dimensões variadas, desde que algumas estejam do tamanho da página, atestando suas possibilidades.

. Todas as fotos devem estar do mesmo tamanho, num mesmo suporte (papel) e com o mesmo acabamento.

. Um bom portfolio mostra, apenas, uma fotografia em cada página.

. Se o portfólio é fotográfico, nenhuma foto deve estar “assinada”, conter marca d’água ou logo – fotografias não devem ser maculadas.

. É aconselhável evitar acabamentos ou filmes brilhantes sobre as fotos. O brilho especular torna a observação da foto desconfortável.

. Não use plástico para proteger as fotografias – eles podem deteriorá-las, além de acumular umidade e desenvolver fungos.

. O fotógrafo não deve misturar às fotos do portfólio, recortes de jornal ou revista, onde teve seus trabalhos publicados. Além de serem mídias diferentes, é anti-higiênico.

. O fotógrafo deve manter seu portfolio atualizado – um refresh a cada seis meses é bem- vindo. Trabalhos antigos podem ser mantidos se não forem os únicos e significarem muito na carreira do profissional.

. Ao final, o fotógrafo deve inserir seus contatos, de forma discreta e elegante.

. Ao longo da carreira de um fotógrafo, alguns clientes e parceiros se tornam peças – chave. É interessante produzir uma cópia do portfólio para entregar a cada um, de forma definitiva. Se o portfólio tiver um bonito projeto gráfico ou mesmo, se tornar uma peça útil, certamente será mantido e o fotógrafo, lembrado.

. É aconselhável manter portfólios em mídias diversas e ter todos disponíveis, tanto digitais, quanto impressos. Um não substitui o outro e cada um tem sua função no processo fotógrafo X cliente X serviço.

Enfim, o portfólio é a ferramenta fundamental tanto para iniciar a carreira, quanto para mantê-la.
E para isso, é preciso que ele seja eficaz – uma boa edição e apresentação são essenciais.

Dúvidas sobre portfolio?
Escreva prá nós: studio3.sesiminas@gmail.com 

Andreia Bueno
Julho . 2014

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