quinta-feira, 21 de maio de 2015

A FOTOGRAFIA E A LUZ QUE ENCANTA . ILUMINAÇÃO EM RETRATOS
















A luz sempre me encantou – ela, por si só, independente da fotografia.

Desde criança me encanto com suas variações, seus efeitos, com sua poesia – com o que ela esconde mais do que mostra; com o momento em que ela se torna “concreta”.

Trabalhei com ela em algumas áreas – projetos luminotécnicos residenciais e comerciais, na área do design de Ambientes, na iluminação cênica e na fotografia.
Ao longo do tempo, sentindo e experimentando suas possibilidades.

A forma como, hoje, trabalho a luz – ambiente, fotográfica ou natural – é resultado de um caso de amor eterno.

Muitas vezes, fotografando espetáculos, me encantei tanto com ela, que deixei de usar a câmera e fotografei, apenas, com os olhos.

Cada fotógrafo tem seu próprio estilo, sua maneira de lidar com a luz e isso, traduz muito de sua personalidade – uns gostam de luz suave, pouco contrastada. Outros, de uma luz mais dramática, com sombras significativas. Há ainda, os que preferem manter todos os tons de brilho de sua imagem dentro de níveis médios.
Assim, quando têm liberdade para criar, produzem ou aproveitam a luz de suas fotografias, fotometrando de forma a conseguir a imagem, que imaginaram.

Lembrando, que a luz é, também, ferramenta de Discurso Visual – ela confere “clima” à fotografia, reforça ou contradiz a narrativa de uma imagem. Pode ser a causa do sucesso ou do fracasso de uma imagem, que o fotógrafo levou muito tempo para conceber. Antes de tudo, ela deve emocionar provocar impacto no observador.

Pessoalmente, costumo chegar aos extremos com a luz – isso faz parte da minha personalidade.

Percebo que muitos têm dúvidas sobre como obter a luz ideal, que emociona.
Então, conversemos aqui – vou compartilhar um pouco das minhas experiências.
Vou escrever, nesse momento, sobre a iluminação para retratos em estúdio.
Posteriormente, escreverei sobre outros tipos de iluminação aplicados à fotografia.

Antes de tudo, é preciso ter um conceito, muito bem elaborado, sobre as fotografias que desejamos fazer. Para isso, o domínio das matérias relacionadas com comunicação, com o discurso visual é fundamental. Uma técnica apurada e excelentes equipamentos sem esse pré-requisito não funcionam.
Definido o conceito, chega o momento de conceber um set de iluminação, que se harmonize com o conceito criado e atenda ao objetivo do trabalho.

A essa altura, a decisão sobre o tipo de sistema a ser utilizado, já foi tomada: iluminação contínua ou flashes.
Casa sistema tem suas vantagens e desvantagens. Cabe ao fotógrafo analisar e decidir.

Veja aqui uma breve comparação.

MONTANDO A ILUMINAÇÃO PARA SUA FOTOGRAFIA . A LUZ PRINCIPAL










O próximo passo será decidir o padrão de luz principal, que utilizaremos.

Depois da escolha do sistema, que é mais difícil de ser alterada, já que investimos um valor razoável na compra, essa é a decisão mais importante do processo, pois dela partirão todas as outras.

Através de estudos e experiências de inúmeros fotógrafos ao longo do tempo, foram definidos alguns padrões de luz principal, a saber:

01. Split Light




















É o padrão de iluminação em que a Luz Principal ilumina, apenas, a metade do rosto – a outra metade é mantida na área de sombras.

Para obtê-la, o fotógrafo deve posicionar a Luz Principal lateralmente – a 90 graus - e mais baixa, em relação ao retratado.
Em alguns casos, dependendo da distância entre o retratado e a câmera, é conveniente posicioná-la, ligeiramente, atrás do modelo.

É uma luz que, utilizada sem outras no mesmo set (luz de Preenchimento, Contraluz, Luz de Cabelo, Luz de fundo), confere uma atmosfera, essencialmente, dramática à fotografia.

Por ser um padrão, que produz grande área de sombras, causa a sensação de “emagrecimento”, podendo também, ser utilizada para reduzir um rosto ou um nariz largo.

Utilizada um com leve luz de preenchimento, torna-se menos dramática e esconde irregularidades do rosto.

Normalmente, utilizada para homens, pode ser aplicada a mulheres.




















02. Rembrandt Light




















Também chamada de “Iluminação 45 Graus”, é caracterizada por um lado do rosto, totalmente, iluminado e um pequeno triângulo de luz, formado na face do modelo, que está oposta à luz principal.

Considerada, a princípio, masculina, transmite ao observador, impressões de nobreza, dignidade, honestidade – produz resultados fantásticos, quando utilizada em formatos corretos de rosto, mesmo para mulheres.

A Rembrandt Light é obtida posicionando-se a luz principal em um ângulo de 45 graus em relação ao modelo e um pouco mais alta, a fim de projetar no lado oposto do rosto, uma sombra, suficientemente, longa para formar o triângulo de luz.

Deve-se, sempre, observar – tanto a altura da luz principal, quanto do rosto do retratado – a fim de evitar sombras dentro e abaixo dos olhos, em todos os padrões de luz principal.

A Rembrandt Light leva o nome do famoso pintor holandês, que popularizou esse estilo dramático de iluminação em suas telas.




















03. Loop Light




















É um dos padrões de iluminação, mais comumente utilizados, adequado a quase todos os formatos de rosto, especialmente, os ovais.

É obtida posicionando-se a luz principal na direção do eixo da câmera e elevando-a, levemente, acima do nível dos olhos do retratado.
Caracteriza-se por um lado do rosto iluminado, uma leve sombra em torno do nariz e uma área de sombra, do lado oposto à luz principal.

Promove maior área de luz à cena, especialmente, aos olhos, causando sensação de “alegria”, “felicidade”.

É bastante utilizada em revistas, livros, retratos em geral e em fotografia de moda.


















04. Paramount Light




















Paramount Light ou muitas vezes, chamada de “Beauty Light”, “Hollywood Light”, “ Butterfly Light” ou “Glamour Light” é considerado um padrão, essencialmente, feminino e produz uma pequena sombra simétrica, em forma de “borboleta”, logo abaixo do nariz.

É ideal para pessoas, que possuem rosto arredondado, pois causa a ilusão de “afinamento”, esculpindo o rosto, ressaltando as maçãs e valorizando a textura da pele do modelo.
É frequentemente utilizada em fotografia de beleza e moda.

A luz principal é posicionada em frente e num ângulo mais alto, em relação ao retratado, paralelamente à linha vertical do nariz.
Uma vez, que a luz principal deve ser posicionada num ângulo mais alto e frontalmente para se obter a sombra em forma de “borboleta” sob o nariz, não é aconselhável utilizá-la em pessoas com “olhos fundos”, pois esses não receberão iluminação.

De modo geral, não é usado em homens, pois tende a reforçar um padrão de rosto que é, usualmente, mais anguloso.

Em homens ,que possuem um formato de rosto menos marcado, mais arredondado, pode ser usado, com sucesso.

















VARIAÇÕES DA LUZ PRINCIPAL

Os quatro padrões descritos acima consideram um único posicionamento de câmera e do modelo a ser fotografado – rosto apontado para a câmera.
De acordo com a alteração da posição do rosto do modelo, podemos obter algumas variações dos padrões de luz principal já descritos – rosto do modelo direcionado para fora da câmera, em posição de ¾.

01.Short Light
É obtida posicionando-se o modelo para que desloque seu rosto em posição de ¾, apontando o nariz para fora da câmera, de forma que o lado de sombras, fique posicionado para a câmera.

Assim sendo, torna-se ainda mais dramática.

Causa sensação de “afinamento”, sendo interessante como opção de iluminação para rostos redondos.

02. Broad Light

















É obtida posicionando-se o modelo para que desloque seu rosto em posição de ¾, apontando o nariz para fora da câmera, de forma que o lado mais iluminado fique voltado para a câmera.

Assim sendo, a câmera registrará uma maior área de luz no rosto, causando sensação de “ampliação” de seu formato – é bastante eficiente para pessoas com rostos finos e compridos.

Confere à fotografia, clima de alegria e felicidade.

Depois de decidido o padrão de luz principal – que é a primeira e mais importante escolha para montar um set de iluminação para determinado trabalho – é hora de optar pela qualidade da luz.
Vale lembrar, que qualquer um dos padrões pode ser aplicado em estúdio ou em externas – com iluminação natural ou não.

Em estúdio, podemos obtê-los direcionando a luz principal e/ou o modelo.

Sob luz natural, só podemos obtê-los direcionando o modelo em relação à fonte de luz.
Como estaremos sob as leis da natureza, a hora do dia para a sessão fotográfica é fundamental – nenhum dos padrões poderá ser conseguido, se fotografarmos sob a luz do sol do meio dia, sem qualquer equipamento auxiliar.

ARREMATANDO ESSE ALINHAVO

* Regras existem para que as quebremos – experimentar é a essência de tudo!
Mas antes, precisamos conhece-las e saber a razão de sua proposição.

* Quando estiver montando sua iluminação, fique atento às sombras - não elimine- as e sim, controle!
Devemos perseguir, para uma iluminação de impacto, o contraste!

O que é Luz Principal?

Em inglês, “ Main Light” ou “Key Light” é a principal fonte de iluminação de um determinado set.
Ela define a base da exposição e a direção da luz, bem como onde incidirão as sombras e as altas luzes na cena.
Num set, teremos sempre, uma única luz principal.
A escolha do tipo de Luz Principal a ser utilizada deverá levar em conta, além do conceito do trabalho, o tipo físico do retratado.

Nem todos os padrões de Luz Principal são adequados a todos os tipos físicos. Eventualmente, de acordo com as características do rosto do retratado, é impossível obter determinado padrão.

Por Andreia Bueno
Escola de Fotografia Studio3 & Sesiminas
21 de Maio de 2015

2 comentários:

  1. Formidável Andreia!
    Compartilhar experiências é o que acrescenta a quem está começando.
    E quem está atento só tem a ganhar acompanhado sua publicações!

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  2. Excelentes dicas! Obrigada por compartilhar.

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