domingo, 18 de fevereiro de 2018

5 DICAS PARA FOTOGRAFAR A PELE - PRÉ-REQUISITOS PARA UMA BOA PÓS-PRODUÇÃO

A pergunta mais comum, que me fazem, quando publico minhas imagens é a respeito do tratamento de pele – afirma Miguel Quiles, fotógrafo que trabalha em Nova York.
Infelizmente, responder diretamente a essa pergunta não fará com que os fotógrafos alcancem o mesmo resultado.

Para explicar melhor seu método, ele escreveu um artigo onde dá cinco valiosas dicas, que todos devem observar, se desejam que seus retratados tenham peles perfeitas.

No artigo, Miguel usa os termos "modelo" e "assunto" de forma intercambiável e que os dois se referem a uma pessoa, que se esteja fotografando.
Considera também, que se está fotografando em RAW, já que o formato oferece maior flexibilidade na pós-produção.



A IMPORTÂNCIA DA MAQUIAGEM

A maquiagem feita incorretamente é de difícil correção na pós-produção - é uma das principais formas de se arruinar uma fotografia.

As condições da pele da modelo devem ser consideradas (seca ou oleosa, por exemplo) e os produtos aplicados, adequados à elas – antigamente, costumava-se utilizar bases e pós, que só realçavam as imperfeições das peles, tais como espinhas e cicatrizes.
A maquiagem corretamente aplicada deve ajudar a esconder estas imperfeições, para que na pós- produção seja necessária apenas, uma limpeza básica, evitando horas e horas de tratamento.

Se o fotógrafo quiser uma pele perfeita em seus retratos, deve procurar um maquiador profissional, que esteja disposto a colaborar com ele – você vai perceber, rapidamente, que eles valem ouro!


A ILUMINAÇÃO PODE CRIAR UMA BELA IMAGEM OU DESTRUÍ-LA

Miguel afirma: Quando comecei a fotografar retratos de beleza, saí e comprei um “Beauty Dish” - afinal, a palavra "beleza" está ali, no próprio nome do modificador. Presumi então, que seria o tipo certo de modelador de luz. Se você pensar como eu, aprenderá rapidamente, que em algumas pessoas, o Beauty Dish produz resultados excelentes, mas em outras, faz o seu trabalho de pós-produção, terrivelmente, cansativo.

Como regra geral, Miguel escolhe o modificador de luz de acordo com a maquiagem aplicada e com a aparência da pele do modelo:

Se uma pessoa tem pele, realmente, oleosa ou acne, então ele opta por modificadores de luz maiores, que produzem luz bem suave, como octa ou softbox.
Se a pessoa tem uma pele boa, ele melhora a aparência e a textura usando um modificador ,que produz uma luz mais dura, como um beauty dish ou uma sombrinha refletora prata.
Se você fotografar qualquer pessoa com pouca iluminação, todas as imperfeições da pele ficarão em evidência.

Neste ponto, independentemente do método de retoque que você escolher - clonagem, separação de freqüência, etc. – ele, normalmente, produzirá um resultado pouco natural na imagem final.

Por isso, o padrão de modificador favorito de Mel é um octa de 150 cm - ele fornece uma luz suave e bonita, que pode ser transformada em uma fonte de luz de alto contraste, mais dura, sem o difusor externo. À medida que você experimenta fotografar as pessoas com diferentes modificadores, aprenderá rapidamente, o que é ideal para cada situação – experiência é fundamental.



A IMPORTÂNCIA DA ESCOLHA DA LENTE

No início da carreira como fotógrafos, aprendemos a valorizar, acima de tudo, a nitidez de uma objetiva – se uma lente não é nítida considera-se, que não é adequada para o trabalho de retrato. Como as lentes macro são, geralmente, algumas das mais nítidas, adquiri uma e comecei a usá-la para todos os meus clicks de retrato e beleza. Da mesma forma que concluí, que o Beauty Dish não era o modificador ideal para todas as minhas propostas, as lentes macro não eram a melhor opção para todas as cenas – se você optar por uma lente macro para retrato de um modelo, que não tenha uma excelente pele, tudo que conseguirá será uma imagem nítida de uma pele imperfeita.

Se você combinar esta opção com a escolha errada da luz e uma maquiagem aplicada incorretamente, perceberá facilmente, o motivo de tantas fotos mal retocadas publicadas na internet.


Assim como um eletricista utiliza várias ferramentas - uma para cada tipo de trabalho - nós como fotógrafos, precisamos de lentes variadas - uma para cada situação.

Tenho um conjunto de três lentes, que são minhas preferidas: a primeira é a que eu chamo de "super nítida" – uma 85mm f / 1.4 (ou f / 1.8). É uma ótima lente para uso geral, produzindo uma textura de pele excelente, mas não tão nítida, que não possa ser amplamente utilizada. A segunda lente que uso é uma de nitidez média, que no meu caso é uma Sony FE 100mm f / 2.8 STF GM, visivelmente mais nítida que a 85 mm, mas não tão nítida quanto minha lente mais nítida, que é uma macro 90 mm. Dependendo do que você vai fotografar, essa macro pode ser 90mm, 100mm, 105mm ou 150mm. Em qualquer caso, estas são as lentes mais nítidas, que você poderá usar em cenas com modelos, que tenham pele boa, utilizando maquiagem perfeita e luz adequada.


ABERTURAS MAIORES, PELE SUAVE. ABERTURAS MENORES, TEXTURAS REALÇADAS.

Outro fator importante para que a pele tenha um ótimo aspecto na foto é a configuração da câmera, que você define - especificamente, a abertura do diafragma. Muitos fotógrafos são apaixonados pela ideia de obter um belo "bokeh", mas na realidade utilizar grandes aberturas causará um “borrão” natural na pele, minimizando a textura e os detalhes. Isso é interessante se você estiver trabalhando com um modelo, que não tenha uma pele perfeita, produzindo certo “embaçamento, que pode ser reforçado se ela for bem iluminada, maquiada adequadamente e você, usar a objetiva certa – perceba que a situação depende de mais fatores do que, simplesmente, um retoque na pós- produção.

Se eu estou fotografando em estúdio ou sob luz natural, a tendência é utilizar aberturas maiores (f / 8 e para cima), pois é possível controlar os outros fatores discutidos neste artigo. Isso, geralmente, produz retratos que apresentam um aspecto de "alta definição". Uma sugestão - tente variar sua abertura durante a próxima sessão de retratos e você poderá avaliar melhor a aparência da pele com diferentes aberturas.

ESCOLHENDO A FOTO CERTA

Em minhas palestras e workshops, digo sempre às pessoas que "você não pode polir um “turd". Digo isso para exemplificar que, se você selecionar uma foto, que não tenha os elementos discutidos acima, não haverá retoque, técnica ou método, que renderão uma excelente imagem final. Esta é uma das principais coisas que pontuo com novos fotógrafos, pois é necessário tempo e experiência para disciplinar seus olhos, a fim de identificar as diferenças entre uma boa e uma má foto. À medida que seus olhos se aprimorarem, você se perceberá mais crítico ao selecionar uma imagem para trabalhar e mostrar o mundo. Se você tirar 100 fotos durante uma sessão e considerar que 95 deles são excelentes, provavelmente, você tem mais a aprender. Aproveite o tempo para aprender as diferenças entre uma imagem boa e outra ruim – assim, quando usar o Photoshop você, realmente, poderá torná-la ainda melhor - ouso dizer, perfeita!

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vivemos numa era em que todos querem um atalho, um caminho mais curto ou uma técnica secreta para obter excelentes resultados. A questão em relação a fotografar a pele é que deve-se começar com uma ótima imagem em RAW a partir da câmera. Faça isso e você verá que mesmo as técnicas de retoque mais simples renderão resultados concretos.


Todas as fotos que ilustram o artigo são de autoria de Miguel Quiles

Fevereiro . 2018
Tradução livre de Fstoppers