sexta-feira, 6 de abril de 2012

FOTOGRAFIA NOTURNA . LOW LIGHT PHOTOGRAPHY . PARTE IV

Fontes Luminosas e Temperatura de Cor


As cores da luz do dia mudam com o decorrer das horas, de acordo com as camadas da atmosfera, que os raios do sol necessitam atravessar para alcançar a Terra e a qualidade dessa mesma atmosfera depende, por sua vez, do grau de elevação, no qual o sol se encontra em relação ao horizonte.
Em virtude de termos, apenas, uma fonte de luz primária durante o dia, a maioria das fotos capturadas nesse período, têm sua cores balanceadas para ela.
Entretanto, no horário noturno, existem variadas fontes luminosas e cada uma, possui sua temperatura de cor própria.
O olho humano realiza um trabalho fantástico, compensando os diferentes níveis de luz, através da dilatação e contração das pupilas, baseado no que foi visto anteriormente.
O cérebro, por sua vez, tem a capacidade de se adaptar e compensar as diferentes temperaturas de cor das luzes noturnas, como se essas, emitissem luzes de cores neutras.
Quando vemos, próximas umas das outras, diferentes tipos de fontes luminosas, a diferença de cor entre elas é mais perceptível.
A fotografia tende a registrar e, de certa forma, exacerbar a cor da luz, uma vez que os filmes e sensores digitais não conseguem se adaptar e compensar as diferenças, como o olho humano.
Diferentes tonalidades de luz, atuando num mesmo espaço e misturando-se, podem potencializar o impacto da fotografia noturna, mas sem o devido tratamento, podem ser fonte de efeitos indesejáveis.
As câmeras digitais, normalmente, possuem o recurso de White Balance, configurado para a fonte de luz dominante, num determinado ambiente.
As câmeras digitais podem ter o White Balance configurado para “Luz do Dia”, “Tungstênio”, “Luz Fluorescente”, “Dia Nublado”, “White Balance Personalizado”, “Temperatura de Cor Específica – K” ou “Auto White Balance”.
Geralmente, o “Auto White Balance” funciona bem, desde que não estejam atuando, num mesmo ambiente, variadas fontes de luz, com temperaturas de cor diferentes, situação que ocorre, frequentemente, à noite.
O filme é mais limitado, sendo balanceado para “Luz do Dia” (5500 K) ou “Tungstênio” (3200 K).
Os fotógrafos, que trabalham com câmeras analógicas podem, até certo ponto, corrigir a cor de suas fotografias, usando filtros, mas os resultados são limitados quando, no mesmo ambiente, atuam diferentes fontes luminosas.
Nem o filme, nem o sensor digital conseguem resolver, completamente,  a questão, quando múltiplas fontes de luz, de diferentes temperaturas de cor, estão presentes no mesmo ambiente, mas os filmes profissionais mais avançados, possuem uma quarta camada de cor, o que significa uma melhoria substancial, em relação aos filmes antigos. No caso da fotografia digital, os softwares de tratamento de imagem podem ,na maioria dos casos, compensar os desvios de cor.
Naturalmente, a mistura de fontes de luz não se constitui num problema, quando se fotografa com filme em branco e preto, mas o White Balance correto, segue sendo importante, quando se fotografa com câmeras digitais, tendo como finalidade, a fotografia em branco e preto.
Normalmente, é desejável que as imagens apresentem tonalidades neutras, mais próximas das cores naturais, mas, mais comumente do que se pode imaginar, a mistura de fontes luminosas pode agregar maior valor na estética e na capacidade de impacto de uma fotografia.
Da mesma forma que os técnicos em iluminação cênica utilizam fontes luminosas de cor quente, misturadas a outras frias, objetivando criar uma atmosfera diferenciada, os fotógrafos podem, também, utilizar esse recurso a seu favor.
Para isso, o primeiro passo é aprender sobre cada fonte luminosa  - sua natureza e comportamento – e como elas afetarão a fotografia.
A escala kelvin de temperatura é utilizada para mensurar a cor da luz, que vai de 1500 K, para a luz de velas, passando por 4000 K, para a luz da lua, 5500 K para a luz do sol, até 12000K para a luz de um dia com céu azul e sem nuvens.
Quanto mais baixa a temperatura de cor, mais “quente” (amarelo-laranja) é a cor da luz e quanto mais alta, mais “fria” (azulada).
A escala Kelvin não é o método mais preciso para se mensurar a cor de muitas das fontes de luz artificial, porque na verdade, ela só se aplica a fontes de luz incandescentes -fogo, a luz do sol (ou lua), luz gerada por combustão a gás ou lâmpadas de tungstênio.
Lâmpadas de descarga, como a de sódio, fluorescentes a vapor e as lâmpadas de haletos metálicos, fornecem luzes que variam, em tonalidade, do vermelho ao azul na escala Kelvin. Fluorescentes, vapor de mercúrio e as luzes de iodetos metálicos, apresentam componente verde, que não pode ser contabilizado na escala Kelvin.
Os fotógrafos que utilizam câmeras de filme, servem-se dos filtros ou gelatina diante de suas lentes para compensar o verde e o ciano presentes nesse tipo de fonte luminosa e os que usam as digitais, podem contar com programas de pós-produção para refinar o equilíbrio de cores, embora o ideal seja efetuar a correção na própria câmera, no momento da configuração para captura.
A maioria das câmeras DSLR possuem controles de White Balance que vão de 2500 K a 8000 K.
A configuração escolhida para o White Balance afeta o histograma de brilho da imagem, que é o principal meio de conferir a exposição obtida e compará-la com a desejada. Assim, configurar o balanço de branco para se obter cores mais próximas do real, garantirá, também, uma exposição mais adequada.
As fontes de luz artificiais mais comuns são as de vapor de sódio, multi-vapores metálicos, fluorescentes, de tungstênio e de vapor de mercúrio.
As lâmpadas de sódio de alta pressão são o tipo predominante na iluminação pública. Essas luzes têm uma dominante laranja- rosada – a correção das cores iluminadas por ela é difícil de ser executada com exatidão, embora pareçam neutras ao  olho humano.
Luzes de vapor de mercúrio emitem um tom azul-esverdeado e uma pequena porção de radiação ultravioleta, não sendo utilizadas, atualmente, com tanta frequencia. As que persistem, são encontradas em ambientes industriais.
As lâmpadas de iodetos metálicos possuem engenharia de geração de luz similar às de vapor de mercúrio, mas receberam, dentro de seus tubos, outros elementos com a finalidade de produzir um espectro mais amplo.
São cada vez mais comuns em estacionamentos e parques públicos, mas seu uso mais frequente é em estádios e instalações esportivas, por produzir luz branca e brilhante.
Lâmpadas de haletos metálicos podem ter temperatura de cor variada, mas a maioria se apresenta azulada na fotografia.
As lâmpadas cerâmicas de descarga de iodetos metálicos representam uma nova tecnologia em iluminação e estão competindo com o LED , como a próxima geração na iluminação pública. Os LEDs são usados ​​em semáforos,  faixa de pedestres e estão substituindo o néon na sinalização. São altamente eficientes, mas muito dispendiosos quando comparados a outros dispositivos de iluminação. Podem ser fabricados em muitas cores, mas geralmente , têm temperatura de cor semelhante à luz do dia, variando entre 4000K e 7500K.
Luminárias fluorescentes são usadas, ​​ocasionalmente, ao ar livre, mas são encontrados, principalmente, em escritórios e outros edifícios comerciais.
Se você fotografar a silhueta da cidade à noite e observar que os interiores dos edifícios são verde brilhante, o prédio é iluminado por luz fluorescente.
Luzes incandescentes de tungstênio são aquelas que a maioria das pessoas têm em suas casas - elas têm temperatura de cor quente, são amareladas e estão entre 2800 K e 3200 K.
Essas, são as principais fontes artificiais de luz que irão impactar a fotografia noturna e, como foi dito anteriormente, vale a pena aprender a distingui-las.




Condições Climáticas

As condições do clima podem afetar, dramaticamente, tanto o contraste quanto o equilíbrio das cores da fotografia noturna. Além disso, podem ocorrer contrastes extremos entre áreas iluminadas por luzes artificiais e absolutamente escuras, bem como entre o céu e o tema central da foto.

Em noites claras, a exposição para o céu é, significativamente, mais longa do que para cenas iluminadas artificialmente.

O fotógrafo deve configurar a exposição, tentando favorecer tanto o ceu quanto a cena ao nível do solo. Uma forma de compensar essa disparidade de exposição é fotografar nas noites de lua cheia ou quase cheia, alta no céu.
O luar terá um impacto, relativamente, pequeno na iluminação da cena na terra, mas iluminará o céu, conferindo cor e tom, na fotografia. Nas noites nubladas, as nuvens no céu refletirão a luz da Terra, reduzindo o contraste geral da imagem e adicionando cor ao ceu. A cor da luz, predominante, será a do ceu céu, m
as o resultado será a combinação de todas as luzes misturadas e direcionadas pelas nuvens, de volta a Terra.

Na maioria dos locais, um céu nublado terá um matiz púrpura, que variará em intensidade, dependendo da altura das nuvens, do nível geral da iluminação vinda da terra e do tipo de iluminação das imediações.


Lance Keimig

Se houver discrepância entre o tipo de iluminação da cena principal e a luz predominante no ambiente, poderão ocorrer diferenças, ainda maiores, de temperatura de cor entre o céu e o solo.
Estas diferenças podem criar imagens interessantes, mas também, causar problemas na correção das cores, se forem desejadas tonalidades naturais. Fotografias noturnas urbanas, normalmente, são mais bem sucedidas em noites de céu nublado ou em noites claras, de lua cheia.






















Lance Keimig

A situação é um pouco diferente, em cenas sob iluminação natural, à luz da lua.  Em noites claras, a exposição para a cena na terra e para o céu é, praticamente, a mesma.
Obviamente, o tempo de exposição será mais longo, se a cena for iluminada por pouca ou nenhuma luz da lua, mas mesmo apenas, sob a luz das estrelas é possível fotografar em áreas afastadas, em noites claras.
Fotografias executadas em noites nubladas, em áreas com pouca ou nenhuma iluminação no nível da terra, resultam em imagens que apresentam céu branco,  brilhante e um primeiro plano escuro, de baixo contraste, embora haja alto grau de contraste geral, entre o céu ea terra.
Uma das soluções para essa condição é a iluminação do primeiro plano através do ligth paiting.
Formações de nuvens e seus movimentos podem tornar a fotografia noturna mais interessante – posicionar a câmera, perpendicularmente a elas ou, pelo menos, num ângulo de 45 graus, torna a tomada mais dramática.
Quando as nuvens se movem, paralelamente, ao plano da fotografia, tendem a apresentar-se borradas, lavando a imagem, criando um efeito de “céu branco”.

Flare

Fotografias noturnas podem ser prejudicadas por reflexos nas objetivas, causados pela luz brilhante e difusa , que atua diretamente sobre a lente, proveniente de fontes situadas fora do campo de visão.
Essa luz indesejada é dispersada através da superfície das lentes da objetiva e pode manifestar-se de diferentes formas.
O Flare, como é chamado, pode ter formato hexagonal ou octogonal, refletindo a forma de abertura do diafragma da objetiva ou pode se apresentar com formas anelares ou de estrelas. Pode ainda, aparecer como uma névoa na imagem, reduzindo o contraste, especialmente, quando ocorre uma luz intensa, fora da cena enquadrada.






















Lance Keimig

As objetivas grande - angulares e zoom são, especialmente, propensas ao Flare, pois seu design complexo e numerosos elementos, propiciam maior quantidade de superfícies por onde a luz se espalha no interior de seus corpos.
Filtros, especialmente sujos, também colaboram para a ocorrência de rerflexos nas lentes - a menos que o fotógrafo seja descuidado com seu equipamento, ocasionando acidentes ou esteja trabalhando em locais onde haja muita poeira e vento, é aconselhável dispensar os filtros na fotografia noturna.
O para-sol é concebido para prevenir o aparecimento do Flare, embora os engenheiros responsáveis pelos projetos das objetivas estejam comprometidos com a eficiência das mesmas, mantendo sua capacidade de zoom e reduzindo efeitos indesejáveis.

Muitas vezes, é difícil detectar o flare pelo visor da câmera, especialmente, quando este ocorre nas bordas da lente, principalmente,  porque os visores SLR e DSLR exibem, apenas, 95- 97% da imagem enquadrada. A melhor maneira de verificar se há Flare é posicionar-se diante da câmera e olhar para a superfície da lente, tomando cuidado para não causar sombra sobre ela.
Se for possível observar qualquer raio de luz sobre a lente, existem grandes chances de que a imagem apresente flare. Nesse caso, a melhor solução é proteger a lente com um bloqueador (cartão negro), que pode ser segurado pelas mãos do fotógrafo ou acoplado à câmera com algum acessório de suporte. 

É preciso ter cuidado ao se posicionar o bloqueador, para que o mesmo não invada o campo de visão, especialmente, quando for usada uma objetiva grande-angular.

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