A luz sempre me encantou – ela, por si só, independente da
fotografia.
Desde criança me encanto com suas variações, seus efeitos,
com sua poesia – com o que ela esconde mais do que mostra; com o momento em que
ela se torna “concreta”.
Trabalhei com ela em algumas áreas – projetos luminotécnicos
residenciais e comerciais, na área do design de Ambientes, na iluminação cênica
e na fotografia.
Ao longo do tempo, sentindo e experimentando suas
possibilidades.
A forma como, hoje, trabalho a luz – ambiente, fotográfica
ou natural – é resultado de um caso de amor eterno.
Muitas vezes, fotografando espetáculos, me encantei tanto
com ela, que deixei de usar a câmera e fotografei, apenas, com os olhos.
Cada fotógrafo tem seu próprio estilo, sua maneira de lidar
com a luz e isso, traduz muito de sua personalidade – uns gostam de luz suave,
pouco contrastada. Outros, de uma luz mais dramática, com sombras
significativas. Há ainda, os que preferem manter todos os tons de brilho de sua
imagem dentro de níveis médios.
Assim, quando têm liberdade para criar, produzem ou
aproveitam a luz de suas fotografias, fotometrando de forma a conseguir a
imagem, que imaginaram.
Lembrando, que a luz é, também, ferramenta de Discurso
Visual – ela confere “clima” à fotografia, reforça ou contradiz a narrativa de
uma imagem. Pode ser a causa do sucesso ou do fracasso de uma imagem, que o
fotógrafo levou muito tempo para conceber. Antes de tudo, ela deve emocionar
provocar impacto no observador.
Pessoalmente, costumo chegar aos extremos com a luz – isso
faz parte da minha personalidade.
Percebo que muitos têm dúvidas sobre como obter a luz ideal,
que emociona.
Então, conversemos aqui – vou compartilhar um pouco das
minhas experiências.
Vou escrever, nesse momento, sobre a iluminação para retratos
em estúdio.
Posteriormente, escreverei sobre outros tipos de iluminação
aplicados à fotografia.
Antes de tudo, é preciso ter um conceito, muito bem
elaborado, sobre as fotografias que desejamos fazer. Para isso, o domínio das
matérias relacionadas com comunicação, com o discurso visual é fundamental. Uma
técnica apurada e excelentes equipamentos sem esse pré-requisito não funcionam.
Definido o conceito, chega o momento de conceber um set de
iluminação, que se harmonize com o conceito criado e atenda ao objetivo do
trabalho.
A essa altura, a decisão sobre o tipo de sistema a ser
utilizado, já foi tomada: iluminação contínua ou flashes.
Casa sistema tem suas vantagens e desvantagens. Cabe ao
fotógrafo analisar e decidir.
Veja aqui uma breve comparação.
MONTANDO A ILUMINAÇÃO PARA SUA FOTOGRAFIA . A LUZ PRINCIPAL
O próximo passo será decidir o padrão de luz principal, que
utilizaremos.
Depois da escolha do sistema, que é mais difícil de ser
alterada, já que investimos um valor razoável na compra, essa é a decisão mais
importante do processo, pois dela partirão todas as outras.
Através de estudos e experiências de inúmeros fotógrafos ao
longo do tempo, foram definidos alguns padrões de luz principal, a saber:
01. Split Light
É o padrão de iluminação em que a Luz Principal ilumina,
apenas, a metade do rosto – a outra metade é mantida na área de sombras.
Para obtê-la, o fotógrafo deve posicionar a Luz Principal
lateralmente – a 90 graus - e mais baixa, em relação ao retratado.
Em alguns casos, dependendo da distância entre o retratado e
a câmera, é conveniente posicioná-la, ligeiramente, atrás do modelo.
É uma luz que, utilizada sem outras no mesmo set (luz de
Preenchimento, Contraluz, Luz de Cabelo, Luz de fundo), confere uma atmosfera,
essencialmente, dramática à fotografia.
Por ser um padrão, que produz grande área de sombras, causa
a sensação de “emagrecimento”, podendo também, ser utilizada para reduzir um
rosto ou um nariz largo.
Utilizada um com leve luz de preenchimento, torna-se menos
dramática e esconde irregularidades do rosto.
Normalmente, utilizada para homens, pode ser aplicada a
mulheres.
02. Rembrandt Light
Também chamada de “Iluminação 45 Graus”, é caracterizada por
um lado do rosto, totalmente, iluminado e um pequeno triângulo de luz, formado
na face do modelo, que está oposta à luz principal.
Considerada, a princípio, masculina, transmite ao
observador, impressões de nobreza, dignidade, honestidade – produz resultados
fantásticos, quando utilizada em formatos corretos de rosto, mesmo para
mulheres.
A Rembrandt Light é obtida posicionando-se a luz principal
em um ângulo de 45 graus em relação ao modelo e um pouco mais alta, a fim de
projetar no lado oposto do rosto, uma sombra, suficientemente, longa para
formar o triângulo de luz.
Deve-se, sempre, observar – tanto a altura da luz principal,
quanto do rosto do retratado – a fim de evitar sombras dentro e abaixo dos
olhos, em todos os padrões de luz principal.
A Rembrandt Light leva o nome do famoso pintor holandês, que
popularizou esse estilo dramático de iluminação em suas telas.
03. Loop Light
É um dos padrões de iluminação, mais comumente utilizados,
adequado a quase todos os formatos de rosto, especialmente, os ovais.
É obtida posicionando-se a luz principal na direção do eixo
da câmera e elevando-a, levemente, acima do nível dos olhos do retratado.
Caracteriza-se por um lado do rosto iluminado, uma leve
sombra em torno do nariz e uma área de sombra, do lado oposto à luz principal.
Promove maior área de luz à cena, especialmente, aos olhos,
causando sensação de “alegria”, “felicidade”.
04. Paramount Light
Paramount Light ou muitas vezes, chamada de “Beauty Light”,
“Hollywood Light”, “ Butterfly Light” ou “Glamour Light” é considerado um
padrão, essencialmente, feminino e produz uma pequena sombra simétrica, em
forma de “borboleta”, logo abaixo do nariz.
É ideal para pessoas, que possuem rosto arredondado, pois
causa a ilusão de “afinamento”, esculpindo o rosto, ressaltando as maçãs e
valorizando a textura da pele do modelo.
É frequentemente utilizada em fotografia de beleza e moda.
A luz principal é posicionada em frente e num ângulo mais
alto, em relação ao retratado, paralelamente à linha vertical do nariz.
Uma vez, que a luz principal deve ser posicionada num ângulo
mais alto e frontalmente para se obter a sombra em forma de “borboleta” sob o
nariz, não é aconselhável utilizá-la em pessoas com “olhos fundos”, pois esses
não receberão iluminação.
De modo geral, não é usado em homens, pois tende a reforçar
um padrão de rosto que é, usualmente, mais anguloso.
Em homens ,que possuem um formato de rosto menos marcado,
mais arredondado, pode ser usado, com sucesso.
VARIAÇÕES DA LUZ PRINCIPAL
Os quatro padrões descritos acima consideram um único
posicionamento de câmera e do modelo a ser fotografado – rosto apontado para a
câmera.
De acordo com a alteração da posição do rosto do modelo,
podemos obter algumas variações dos padrões de luz principal já descritos –
rosto do modelo direcionado para fora da câmera, em posição de ¾.
01.Short Light
É obtida posicionando-se o modelo para que desloque seu
rosto em posição de ¾, apontando o nariz para fora da câmera, de forma que o
lado de sombras, fique posicionado para a câmera.
Assim sendo, torna-se ainda mais dramática.
Causa sensação de “afinamento”, sendo interessante como
opção de iluminação para rostos redondos.
02. Broad Light
É obtida posicionando-se o modelo para que desloque seu
rosto em posição de ¾, apontando o nariz para fora da câmera, de forma que o
lado mais iluminado fique voltado para a câmera.
Assim sendo, a câmera registrará uma maior área de luz no
rosto, causando sensação de “ampliação” de seu formato – é bastante eficiente
para pessoas com rostos finos e compridos.
Confere à fotografia, clima de alegria e felicidade.
Depois de decidido o padrão de luz principal – que é a
primeira e mais importante escolha para montar um set de iluminação para
determinado trabalho – é hora de optar pela qualidade da luz.
Vale lembrar, que qualquer um dos padrões pode ser aplicado
em estúdio ou em externas – com iluminação natural ou não.
Em estúdio, podemos obtê-los direcionando a luz principal
e/ou o modelo.
Sob luz natural, só podemos obtê-los direcionando o modelo
em relação à fonte de luz.
Como estaremos sob as leis da natureza, a hora do dia para a
sessão fotográfica é fundamental – nenhum dos padrões poderá ser conseguido, se
fotografarmos sob a luz do sol do meio dia, sem qualquer equipamento auxiliar.
ARREMATANDO ESSE ALINHAVO
* Regras existem para que as quebremos – experimentar é a
essência de tudo!
Mas antes, precisamos conhece-las e saber a razão de sua
proposição.
* Quando estiver montando sua iluminação, fique atento às sombras - não elimine- as e sim, controle!
Devemos perseguir, para uma iluminação de impacto, o contraste!
O que é Luz Principal?
Em inglês, “ Main Light” ou “Key Light” é a principal fonte
de iluminação de um determinado set.
Ela define a base da exposição e a direção da luz, bem como
onde incidirão as sombras e as altas luzes na cena.
Num set, teremos sempre, uma única luz principal.
A escolha do tipo de Luz Principal a ser utilizada deverá
levar em conta, além do conceito do trabalho, o tipo físico do retratado.
Nem todos os padrões de Luz Principal são adequados a todos
os tipos físicos. Eventualmente, de acordo com as características do rosto do
retratado, é impossível obter determinado padrão.
Por Andreia Bueno
Escola de Fotografia Studio3 & Sesiminas
21 de Maio de 2015