quinta-feira, 24 de novembro de 2016

O QUE FAZER PARA MELHORAR A LUZ DO FLASH?

APRENDA A USAR OS MODIFICADORES


Quando adquirimos um flash externo, esperamos que ele seja a solução de nossos problemas, quando fotografamos em situações de luz deficiente - até porque ele tem aparência sofisticada e preço bastante salgado!
Mas não é isso que acontece.
Ele contraria todas as regras da boa iluminação: é uma fonte de luz reduzida, intensa e se utilizada na sapata da câmera à 90 graus, voltada diretamente para a cena, produz uma luz crua, dura, provocando brilhos excessivos, sombras duras, destruindo volumes e produzindo uma imagem desagradável e artificial.

De qualquer forma, o flash externo continua a ser o sistema de iluminação artificial mais evoluído e prático que existe.

A solução é "domar" sua luz, modificando-a.

Modificar a luz, utilizando acessórios tem três finalidades:
. Aumentar o tamanho do facho luminoso do flash
. Alterar a temperatura de cor de sua luz
. Conferir um formato específico ao facho de luz

Precisamos considerar a Física - se uma fonte de luz é pequena em relação à cena que ela vai iluminar, os raios luminosos serão direcionados - todos - para uma mesma área e num único ângulo, atingindo-a diretamente e provocando sombras duras.
Se, de outra forma, a fonte de luz é ampla em relação à cena, os raios luminosos virão de diferentes direções, proporcionando uma iluminação suave, sombras difusas e uma iluminação mais agradável.

Para que tenhamos uma iluminação mais natural, é preciso equilibrar a luz do flash com a luz ambiente, tanto em qualidade, quanto em cor - você pode utilizar gelatinas para modificar a temperatura de cor e obter efeitos diferentes.

Os Modificadores


Do Próprio Flash

Cabeça Giratória




















A cabeça giratória do flash externo permite que você a incline e gire em quase todas as direções, independentemente, da posição da câmera. Desta forma, você pode rebater a luz sobre uma superfície disponível e adequada - paredes, tetos, etc - "aumentando assim, o tamanho do facho de luz, suavizando-o.
Verifique a cor e a distância da superfície rebatedora - nem sempre encontramos uma, que seja ideal.

Zoom do Flash




















Você pode controlar o zoom manualmente, na própria unidade de Flash:
Se a intenção é obter uma área estreita de luz, você deve ajustar o zoom para o máximo de distância focal - 105 mm.
Se a intenção é obter uma área ampla de luz, você deve ajustar o zoom para o mínimo de distância focal - 24 mm.

Difusor Grande Angular e Mini Refletor




















A função do difusor retrátil e transparente, que fica embutido na cabeça do flash é difundir a luz de forma que ela cubra uma cena num ângulo de visão de uma objetiva 14 mm.
Assim, se você estiver fotografando com o zoom numa distância focal diferente, ao acionar o difusor, ele será configurado, automaticamente, para 14 mm.

A função do mini refletor branco, que fica também embutido na cabeça do flash, é jogar um pouco de luz para frente, quando se rebate para cima. Como ele tem tamanho muito reduzido, não tem boa aplicação, a não ser iluminar um pouco os olhos, quando a cena inclui pessoas.

Modificadores Externos

Omni Bounce

A função do Omni Bounce é reorganizar o facho luminoso, fazendo com que ele não seja direcionado apenas para frente, mas também, para os lados, suavizando um pouco a luz. É barato e versátil. Como é fabricado para cada tamanho específico de cabeça de flash, convém verificar na descrição do produto, se ele é adequado a seu modelo.

Rebatedores Flexíveis

São extremamente úteis quando não temos uma parede ou teto adequados para rebater a luz do flash, como em áreas abertas.
Como espalham a luz, aumentando o tamanho do facho luminoso que chega à cena, tornam-na mais delicada, suave.
São encontrados em vários modelos, cores e tamanhos - quanto maior e mais versátil em sua moldagem, melhor, pois o facho que luz será mais ampliado, proporcionando sombras mais difusas.
Os que possuem interior metálico - prata ou ouro - costumam fornecer luz menos suave, quando comparados aos forrados de branco, pois direcionam maior quantidade de luz para frente, além de proporcionarem maior contraste.
Se tiverem tamanho reduzido, podem causar um efeito semelhante ao do flash embutido da câmera.





















Softboxes

Os softboxes são os favoritos quando se trata de moldar e suavizar a luz do flash - em vários formatos, tamanhos e por filtrarem duplamente a luz, proporcionam sombras bastante delicadas, fazendo com que a iluminação pareça mais natural.
Os que possuem face rebaixada criam um limite definido para a luz, muito útil na difusão e na modelagem do formato do facho luminoso.
Os de formato circular proporcionam belos reflexos nos olhos das pessoas..

Lembre-se de avaliar o tamanho do softbox em relação à cena, que vai iluminar, para definir a que distância ele deve estar - quanto mais distante ele estiver, menor será e mais dura será a luz.

Como o flash, em sua função primária, é uma fonte de iluminação portátil, verifique o peso e a facilidade de transporte do softbox - o conjunto pode ser usado sobre um tripé, mas também, nas mãos durante um evento.





































Na próxima postagem, continuaremos a analisar os modificadores para flash externo.

Novembro . 2016

terça-feira, 22 de novembro de 2016

COMO CRIAR SEUS PRÓPRIOS PRESETS PARA O LIGHTROOM

As pré-definições do Lightroom - ou Presets, em inglês - são arquivos que "memorizam" uma sequência de tratamentos ou ajustes criados anteriormente (exposição, temperatura de cor, saturação, vibração, nitidez, redução de ruído, etc) e podem ser aplicados, de forma automática, em qualquer fotografia importada para o LR.

A função primária das pré-definições é automatizar o tratamento e otimizar o tempo do fotógrafo na pós produção.

O próprio Lightroom já disponibiliza alguns, quando da sua instalação, mas podemos comprá-los de desenvolvedores, baixá-los gratuitamente em sites ou mesmo criá-los, a partir de algum tratamento que tenham feito e aprovado.

Vejamos como criar uma pré-definição:

01. Importe a foto que você deseja tratar para o Lightroom. Selecione o Módulo Revelação e faça os ajustes até que ela esteja de acordo com seu objetivo.


02. Faça os ajustes, utilizando o painel direito do Módulo Revelação.


03. Para transformar o efeito obtido numa pré-definição e deixa-la disponível para ser aplicada em outras fotos, vá até o painel pré-definições à esquerda e clique no sinal de soma (+), no canto direito – será aberta uma janela de configuração:


04. Na janela de configurações, nomeie sua Pré-definição, escolha a pasta do Lightroom onde ela deve será guardada e marque as caixas de efeitos, que foram aplicados e clique no botão “Criar”. A nova pré-definição deverá estar disponível para aplicação em outras fotografias, na pasta que você escolheu para salvá-lo.


05. Aqui, a nova pré-definição disponível:



06. Agora, a pré-definição pode ser aplicada em qualquer foto.



Lembre-se, que ela foi criada e os ajustes ficaram adequados para uma determinada imagem, em condições de luz específicas, assim como as de cores.
Para aplicação em outra imagem, frequentemente, precisamos fazer adaptações, alterando os ajustes anteriores.

Novembro . 2016

domingo, 9 de outubro de 2016

A COMPOSIÇÃO PARA OS MELHORES RETRATOS

Retratos são narrativas sobre o retratado e costumam manter o foco no próprio sujeito, mas isso não quer dizer, que devemos dispensar outros elementos da cena.
Pelo contrário, incluir outras informações visuais de forma equilibrada, enriquece a fotografia, dizendo muito sobre o modelo.
Além disso, o fotógrafo conta com outra arma poderosa para criar uma imagem interessante e agradável - a composição, que está intimamente, relacionada com a direção.
O fluxo num retrato pode, por exemplo, ser criado através do posicionamento sutil das mãos, que levarão o olhar do espectador, ao centro de interesse da foto, que no caso dos retratos, tende a ser o rosto.


 

Da mesma maneira, em retratos com tomadas mais amplas, o corpo e os outros elementos de cena devem ser cuidadosamente colocados, de forma a guiar o olhar do espectador pela imagem - isso afeta não só o equilíbrio visual, mas também a atmosfera da fotografia.
Para melhor dirigir as pessoas nas sessões fotográficas, entender a linguagem corporal como uma forma de comunicação não-verbal é de grande utilidade.
A pose do modelo tem enorme influência na forma como o espectador percebe o retrato - mãos e braços muito próximos ao corpo, quando analisados em conjunto com outros elementos, transmitem a impressão se tensão.
Veja aqui um breve texto a respeito na Wikipédia!

O ângulo de tomada - altura da câmera em relação ao retratado - também interferirá na interpretação do retrato - quando realizamos o enquadramento de baixo para cima (contra mergulho), ampliamos a importância do modelo dentro do quadro e transmitimos a impressão de "grandeza", de "domínio".
Esse ângulo de enquadramento em especial, provoca distorções desagradáveis na figura e por isso, deve ser aplicado com muito cuidado.

De outra forma, quando enquadramos - ligeiramente - de cima para baixo (mergulho), valorizamos o rosto, os olhos e aproveitamos melhor a iluminação.
No caso de retratos, o mergulho deve ser usado com cuidado, a fim de não transmitir sensação de "fraqueza" e "submissão" do sujeito, muito comum, quando há exagero.
 
Para que não haja distorção, o eixo da objetiva - que deve ter uma distância focal média entre 70 e 100 mm - precisa estar alinhado com os olhos do sujeito.
Outra boa prática para se obter retratos interessantes e dinâmicos é a aplicação da regra dos triângulos, idealizada para que uma composição onde prevalecem direções diagonais, se torne equilibrada e agradável.
A Regra dos Triângulos criada pelos gregos, estabelece que deve-se dividir o quadro com uma linha diagonal de um dos cantos superiores ao oposto inferior, formando assim, dois triângulos retângulos.
De cada um, deve-se encontrar a altura relativa à hipotenusa (lado maior) - os pontos onde as retas, que representam as alturas de cada um dos triângulos, tocam a diagonal inicial representam os pontos de interesse da composição.
O ideal então, é enquadrar de forma que as áreas mais interessantes do retrato coincidam com os pontos de interesse.


O essencial - regras existem para serem desafiadas e antes de qualquer boa composição é preciso, que o retrato carregue a alma do retratado e que consiga transmiti-la ao espectador.

Andreia Bueno . Outubro . 2016
Studio3 Escola de Fotografia



domingo, 2 de outubro de 2016

COMPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA - ENQUADRAMENTO E PERSPECTIVA

O Enquadramento


O enquadramento consiste no ato de isolar uma porção do nosso ângulo do campo visual.
Um bom enquadramento fornece à imagem o máximo de eficiência dramática e estética.
O equilíbrio de massas e linhas ganha aqui, a sua maior importância.
É o próprio jogo de linhas e massas, que estabelece determinadas relações, acabando por criar interesse e emoção.
O termo enquadramento define a posição da câmara ou ângulo de tomada , em relação ao centro de interesse e às bordas da imagem.
Ao escolher uma parte do que nos cerca e que fará parte do enquadramento, eliminamos grande parte do que compõe nosso campo de visão – recortamos o que vemos, escolhemos, selecionamos o que o observador vai enxergar –definimos o que será "desprezado", o que estará “fora de campo”.
Ao enquadrar estamos evidenciando e chamado a atenção do observador para determinado ponto.
Este é um fator decisivo para a composição e durante a evolução da fotografia, o enquadramento e suas definições foram formalizados na escala de planos.






















Tipos de Enquadramento


Centralizado

























Reforça o valor descritivo da imagem sem grandes pretensões quanto à composição. É o caso do enquadramento simétrico que apresenta, simultaneamente, dois sujeitos dispostos simetricamente, com o mesmo peso visual.
Pode transmitir sensação de estaticidade e monotonia.

Descentralizado

















Torna a composição mais dinâmica, em virtude da assimetria, estimulando a atenção do observador.

Inclinado


















Reforça a sensação de instabilidade, uma vez que estamos habituados a associar a estabilidade à vertical ou horizontal.

Profundidade - A Terceira Dimensão


A Profundidade na fotografia é antes de tudo, uma ilusão, já que a fotografia nos oferece apenas, os aspectos bidimensionais da cena registrada.
Para simular a sensação de terceira dimensão - a profundidade - o fotógrafo precisa lançar mão de alguns truques visuais, "manipulando" a percepção do observador.

Simulando a Terceira Dimensão


Pesos Óticos - Massa
















Numa imagem, os elementos de massa - cada um com seu peso visual - podem ser distribuídos de forma a criar uma sensação de profundidade.
A ilusão de perspectiva pode ser amplificada para transmitir uma falsa sensação de espaço.
Não haverá mudança na perspectiva se alterarmos, apenas, a distância focal da objetiva utilizada.
Haverá alteração na perspectiva somente, quando alteramos a posição da câmera em relação à cena.

Linhas





























André Kertész

A perspectiva de linha atua também, aumentando a ilusão de perspectiva.
Para se obter esse efeito, deve-se evitar captar imagens com a câmara na posição frontal. Se posicionarmos a câmara lateralmente em relação ao centro de interesse, aparecerão as diagonais no plano, o que, além de dinamizar a imagem, contribuirá para a ilusão da perspectiva.

Tonalidade


















Ansel Adams

Podemos conferir profundidade a um plano se dispusermos as tonalidades de modo que:
As zonas mais claras sejam posicionadas em primeiro plano e as mais escuras, ao fundo.
O contrário também poderá funcionar em determinadas circunstâncias.

Planos de Foco

























Se o centro de interesse se destacar dos outros elementos porque os últimos estão fora do plano de nitidez, a sensação de profundidade será amplificada.
Além disso, as diferenças de foco ajudam a direcionar a atenção do espectador no centro de interesse.

Outubro . 2016

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

OS MELHORES FORNECEDORES DE BH PARA FOTÓGRAFOS

Recebemos, frequentemente, pedidos de indicações de fornecedores e parceiros em Belo Horizonte, para compra de equipamentos fotográficos, revelação, cópias e impressões de fotografias e encadernação de álbuns e fotolivros - resolvemos facilitar o dia-a-dia de nossos alunos e colegas de profissão, montando um "Infotográfico" com nossas recomendações.
Já experimentamos e aprovamos os serviços da maioria e com aqueles, os quais não tivemos contato direto, nos foram sugeridos por outros fotógrafos.
Queremos ampliar nossa lista - se você tiver alguma indicação, por favor, entre em contato ou escreva nos comentários.
Faça download e compartilhe - quanto mais a lista crescer, melhor!


Agosto . 2016
 

domingo, 17 de julho de 2016

FOTOGRAFIA DE MODA: DE RICHARD AVEDON AOS EDITORES DE IMAGENS DIGITAIS



"Richard Avedon se destaca entre os melhores fotógrafos do mundo e, no caso específico
da fotografia de moda, deixa um legado que incita uma reflexão sobre o papel que as tecnologias de tratamento de imagem digital desempenham na construção da identidade
feminina. Avedon humanizou a fotografia de moda ao colocar o modelo no primeiro plano, privilegiando a expressividade, o movimento e o psicologismo. O fotógrafo surrealista David LaChepelle, ajuda a definir a fotografia de moda hodierna como um retorno ao pictorialismo e a uma visão cartesiana, às avessas da mulher contemporânea.

Uma análise comparativa entre os dois fotógrafos pode sugerir que na fotografia de moda atual a mulher é subjugada pela consagração da aparência ditada pela mídia e do espetáculo assumindo muitas vezes o papel de coadjuvante de sua própria vida.

Richard Avedon foi considerado o fotógrafo mais famoso do mundo pelo jornal The New York Times. Ficou conhecido como um divisor na história da fotografia de moda em função de características muito especificas que rompem com o pictorialismo, inerente à fotografia anterior a ele. Nascido em Nova York, foi descoberto e apresentado ao mundo da moda por Alexey Brodovith diretor de arte da Harper`s Bazaar em que trabalhou durante 20 anos (1945-4965).

A partir de uma pesquisa bibliográfica e iconográfica percebe-se que a obra de Richard Avedon retrata o ser humano desprovido de noções espaço-temporal e em dimensões nunca antes registradas; ao desenhar as fotos antes de tirá-las Avedon garantia resultados em ângulos e cortes inéditos. A atemporalidade, o fundo simples, o cenário branco ou cinza, o modelo no primeiro plano, e a dessaturização, asseguram um equilíbrio impressionantes de suas imagens apesar do espaço vazio que geralmente ocupa grande parte de suas fotografias. (BARTHERS, 2008).

Quiros (1993) pontua que nas fotografias de Avedon homem e mulher eram o foco central e às vezes, os únicos elementos da imagem. Avedon tenta captar (não só na fotografia de moda, mas também nos portraits e nas fotografias jornalísticas) expressões íntimas de modelos que nos olham nos olhos e ou nos atravessam com sua humanidade. Ao captar a vulnerabilidade da pessoa Marilyn Monroe e ao fotografar com “crueza” Coco Chanel Avedon exalta o psicologismo minimalista em detrimento da representação artística da atriz ou do glamour da estilista.

“Coco Chanel que nunca perdoou o fotógrafo pela crueza com que foi retratada. O que mais a magoou foi o detalhe do pescoço”. (BAKER, 2004) Fonte: Veja/ Abril

AVEDON E A FOTOGRAFIA DE MODA

Feital (2004) diz que Avedon “pode ser considerado como um divisor na história da fotografia de moda” e Acon (2008) pontua sua ruptura com o padrão da fotografia de moda das décadas de 40 e 50 principalmente ao tirar as modelos dos estúdios e privilegiar cenários incomuns na época, como circos, zoológicos e foguetes da NASA.

O fotógrafo passou a dirigir a modelo e criar através da foto um acontecimento. Seu contato com as modelos era quase convertido em um caso de amor platônico, o que resultava em um retrato psicológico minimalista e monocromático. Ele pedia às modelos que se movimentassem, o que dava um efeito original e dramático (ACON, 2008).
 A rigidez do pictorialismo foi demolida definitivamente por Richard Avedon, que ao privilegiar o realismo, a expressão, a espontaneidade, o movimento enfatiza justamente o que foge do controle do fotógrafo, daí a periculosidade e risco presentes em sua obra, como defende Samyn (2004).
A periculosidade de sua obra está justamente no fato de que, em sua fotografia, o imprevisível ocupa um lugar central. Os limites da própria fotografia entram em jogo, sendo os mesmos reafirmados, já que esta delimitação torna-se uma tarefa imprescindível; e a questão fundamental torna-se esta: de que forma o incontrolável como, por exemplo: a expressividade de um olhar, ou a contingência de um movimento inscrito no espaço fotográfico pode ser potencializado?

Se há nisso um risco e uma periculosidade, é ai que está o valor singular de Avedon. (SAMYN, 2004).


“Dovina com os elefantes” é certamente uma das fotografias mais conhecidas de Avedon na qual se percebe vários dos diferenciais de sua obra.

Outro trabalho de fotografia de moda em que Avedon traduz a humanidade de sua obra é o Calendário Pirelli de 1995 e de 1997 em que o movimento, a expressão facial, a sensualidade naturalmente exacerbada asseguram às modelos a possibilidade de mostrar o algo mais inerente à beleza feminina e nem sempre captada pelas lentes.

“Richard Avedon transformou a fotografia de moda em obra de arte, procurando encontrar a essência espiritual de seus modelos” (PIRES, 2005).

É sob essa ótica que "a fotografia de moda pós - Avedon será lugar de uma convergência de subjetividades, já que será tarefa do fotógrafo obter, da modelo, seu máximo de expressividade, enfatizando o papel do próprio fotógrafo como uma espécie de diretor e estabelecendo, por conseguinte, a síntese definitiva entre fotografia de moda e retrato que hoje conhecemos como essencial” (SAMYN, 2004).

Victin (2008) salienta ainda que “Os retratos de Avedon, mais que imagens de uma cara, uns olhos, uma boca, um nariz um corpo, são bocados da alma que habita esse corpo”.

No editorial para o The New Yorker, intitulada In Memory of the Late Mr. And Mrs. Comfort em parceria com Diane Airbus, Avedon analisa a moda contemporânea que, seduzida pelos encantos da efemeridade e da finalidade mercadológica privilegia a aparência ainda que desumanizada, coisificada, alienada e vazia. A modelo Nadja Auermann é a escolhida por Avedon para, acompanhada de esqueletos humanos em poses bizarras, personificar a posição da mulher no universo que mais a escraviza na contemporaneidade: o mundo fashion.







Avedon teve sua carreira interrompida durante uma sessão de fotos para a revista New York, em que sofreu uma hemorragia cerebral aos 81 anos de idade, dos quais 59 dedicados à fotografia. A morte de Richard Avedon representa o encerramento de um capitulo na História da Fotografia. Quem morre, afinal, é um símbolo da modernidade na Fotografia: alguém que ousou questionar, de uma forma radical, cânones e verdades estabelecidas, inaugurando por conta própria uma nova maneira de se fotografar, uma nova maneira de se perceber a figura do fotógrafo e uma nova maneira de se conceber a própria noção de beleza na fotografia. (SAMYN, 2004).

FOTOGRAFIA DE MODA E OS EDITORES DE IMAGEM

“A imagem fotográfica, o modelo fotográfico, as formas, cores e o vestuário são componentes formadores de uma identidade.” (VARGAS, 2008, p.1) e o fotógrafo participa ativamente desse processo dependendo do tipo de “dialeto” usado por ele.

“Se a fotografia é um idioma, a fotografia de moda seria um dialeto”. Dialeto que nasceria de sua maior tendência á simbolização e a sua necessidade de condensar as mensagens (QUIROS, 1993, p.361). Independentemente de visões maniqueístas, Avedon preferiu o dialeto humano, hoje, muitos fotógrafos preferem um dialeto tecnológico
A fotografia de moda pode ser contada em três momentos como defende Catoira (2008). O primeiro momento se estende até os anos 60 em que a fotografia substituiu a ilustração, mas as modelos são retratadas como bonecas que personificam o ideal do belo e do feminino explorados geralmente com muita suavidade plástica

No segundo momento que se estabelece até o final da década de 1980, os resquícios da ilustração são totalmente superados com corpos posados e com gestuais marcantes.

O terceiro momento acontece a partir dos anos 90 com a ascensão da “Moda atitude” que explora a expressão e o potencial criativo da modelo. Agora o corpo super magro é referencia ocidental de silhueta. O que marca a fotografia de moda atual é a exacerbação dos retoques feitos por editores de imagem como o Photoshop - aplicativo de edição de imagens criado por Thomas Knoll. (CULEN, 2008).
Mas o tratamento de imagem não é característico apenas da sociedade hodierna, antes do Photoshop era feito com lupa e pincel em um trabalho artesanal. “A ideia de aprimorar o original não é nenhuma novidade ou então o período do Renascimento Italiano teria reunido a maior quantidade de beldades naturais da história da humanidade” (VEJA, 2008).

Nessa linha de raciocínio Cury (2008) defende que o Photoshop é um recurso utilizado para tornar uma imagem ainda mais bonita e não utilizá-lo é como negar tratamento a um doente quando se dispõe de médico e remédios.

“Se formos questionar o Photoshop temos que questionar toda a indústria dos cosméticos e beauty. Cabelos falsos, pele falsa, seios e bundas falsas.” (FERNANDO, 2008).

No entanto, como a fotografia de moda é um dos elementos que participa da construção da identidade feminina, os recursos tecnológicos podem tornar essa interferência negativa uma vez que torna a ditadura do belo ainda mais cruel. Os recursos computacionais possibilitam a veiculação de um padrão de beleza que nem as celebridades mais consagradas têm. Os distúrbios alimentares quando analisados sob a ótica cultural, se inserem nessa temática. O Conselho de Moda da Inglaterra está sugerindo aos responsáveis por revistas de moda que discutam até que ponto é aceitável o tratamento digital com o intuito de prevenir doenças como a anorexia e demais distúrbios alimentares ligados à obsessão com o físico.

É nesse contexto que o Photoshop pode ser considerado um divisor de água na fotografia de moda contemporânea da mesma forma que Avedon o foi em décadas anteriores, apesar da humanidade exaltada por Avedon e da desumanização muitas vezes ofuscada pelo caráter surrealista que a fotografia de moda ganha com os recursos computacionais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS



O fotógrafo David LaChapelle que já foi capa de grandes revistas- Italian Vogue, Vanity Fair, Rolling Stone, i-D, Vibe, Interview, The Face entre outras e já fotografou importantes personalidades como: como Macy Gray, Moby, No Doubt, Whitney Houston, Mariah Carey, Lil’ Kim, Elton John, Madonna e Andy Warhol – e considerado pelo próprio Avedon como o melhor no gênero surreal, pode servir como referência para se analisar o que caracteriza grande parte da fotografia de moda tratada digitalmente sem ter a perfeição como o eixo da análise.
Ao se considerar os elementos da imagem digital que mostram a dessemelhança com a fotografia de Avedon pode-se ressaltar:

a) A imposição de padrão e não questionamento do stablisment
b) O aparente retorno ao pictorialismo
c) A negação da dessaturização
d) O retorno aos estúdios
e) O cenário rico em ornamentos
f) O papel secundário ao modelo

As imagens abaixo podem ser lidas como a materialização dessas diferenças.

Fotografia com tratamento de imagem de David Lachapelle

Dovina com elefantes, vestido Dior 1955
 
Uma analise mais subjetiva pode sugerir que em Lachapelle a mulher é subjugada, é personagem secundária da imagem da mesma forma que a mulher contemporânea é subjugada pela consagração da aparência e do espetáculo assumindo muitas vezes o papel de coadjuvante de sua própria vida.

Em contrapartida, Avedon parece sugerir que a beleza não está dissociada da força, do domínio e do autocontrole, tão importantes para que a mulher não seja colocada em segundo plano, não seja analisada sob uma ótica cartesiana às avessas, sobretudo pelos profissionais da Moda.
Texto Original: Layane Tavares
Faculdade de Moda de Ribeirão Preto - Centro Universitário Moura Lacerda
www.coloquiomoda.com.br/anais/anais/4-Coloquio-de-Moda_2008/42523.pdf
Julho 2016