quinta-feira, 17 de março de 2016

FOTO EM PAUTA TIRADENTES 2016 . QUANDO A "FOTOGRAFIA ARTE" BEIJA A FACE DO PÚBLICO

Muito há que se falar e discutir sobre o que vimos e ouvimos no Foto em Pauta - o pensar muda, o sentir muda, a fotografia se transforma.
Seriam necessários inúmeros posts, mas deixamos aqui, nossa impressão e agradecimento a Eugênio Sávio, Flávia Rettore e a toda a equipe, que torna o evento, uma deliciosa realidade fotográfica.

Vida longa ao FOTO EM PAUTA TIRADENTES!

Retornando de Tiradentes/ MG, onde passamos de 5ª a Domingo passado, para o 6º Festival Foto em Pauta, tivemos - como sempre - nossos olhares, percepções e reflexões sobre a fotografia, renovadas.

Foi realmente, uma das melhores edições do Festival, desde o seu início em 2011 - muito além do nosso carinho escancarado pelo evento, estivemos diante de exposições magníficas, projeções impactantes e diálogos enriquecedores.
A chuva, que nos brindou durante o fim de semana, acabou completando o cenário e reforçando o clima.

Tivemos a alegria de encontrar amigos na Casa Fototech - um espaço charmoso na Rua do Chafariz, onde foram exibidos os trabalhos dos associados e uma instalação super bacana produzida pela Cultivarte, onde Guto Muniz esteve com seu projeto Cena Vestida e foram impressas boa parte das fotos produzidas no Festival pelo querido Cau, do Bureau 5000K, além de degustar uma boa cerveja!



As Projeções Noturnas

Ficamos felizes em participar mais uma vez do grupo de apresentou as "Projeções Noturnas" na Sexta e no Sábado, no Largo das Forras, ao lado de coletivos e artistas individuais de tamanho talento.
Curadorias e edições impecáveis das projeções organizadas pela ARFOC MG, pelo Ateliê Oriente, Mobgraphia, Outros Carnavales e Juan Esteves - só assistindo para perceber a força do conjunto das imagens.

* A força, que um conjunto de imagens bem editado tem sobre o impacto da narrativa é avassaladora - elas se completam e abrem os sentidos para receber a próxima mensagem.


* Sentimos dessa vez, uma maior proximidade das imagens com o público - com olhares viajando em cada obra, vivemos e pudemos observar nas pessoas ao nosso lado, experiências sinestésicas.
As ferramentas visuais, somadas à sensibilidade, que cada fotógrafo utilizou para discorrer sobre seu assunto, ultrapassaram a estética, atingindo em cheio, os observadores.


Os curadores e a equipe de produção fizeram um trabalho impecável.

Punctum!

O ideal seria que, depois de estar diante de uma fotografia, o estado de espírito das pessoas se transformasse - a imagem tem que provocar, revolver a poeira, que fica do cotidiano.

Algo tem que vir - seja amor, tristeza, nostalgia, raiva, nojo, revolta, satisfação, libido.

Construir pontes para diminuir o lapso existente entre a fotografia-arte e o público é um avanço precioso!

Há muito que se falar através da fotografia e olhares cheios de ricas histórias, que não se arriscam, justamente pela distância construída ao longo do tempo, na maioria das vezes, por críticos e curadores - seria interessante e gratificante, entrar numa exposição e ler um "texto inaugural" acolhedor, adesivado na parede, que o público pudesse compreender.

É preciso incentivar a produção fotográfica autoral, o exercício da linguagem visual e abrir espaço para que mais visões venham compor e arejar esse universo.
E isso se faz com proximidade.

A Mostra de Fotolivros

Esse ano, o Festival apresentou uma novidade, que proporcionou aos visitantes uma viagem pelo universo narrativo de vários artistas: a Mostra de Fotolivros.

Cada exemplar exposto trouxe aos leitores, a ampliação do conhecimento sobre as possibilidades de uso dos diversos formatos, dos suportes, dos projetos gráficos, das cores, das encadernações. Foi de uma riqueza ímpar, difícil de se encontrar num mesmo lugar, ao mesmo tempo.
Estivemos em visita técnica (e por que não, poética!) com nossos alunos, que puderam ir ao Festival e pudemos mostrar "in loco" muito do que trabalhamos na Escola.


As Livrarias


Como sempre, o Foto em Pauta nos proporciona a aquisição de livros não tão comuns e eu acabei voltando com uma sacolinha cheia de preciosidades, das quais escolhi o trecho de uma delas para fechar o post.


NÃO PROCURE SEMPRE O BELO


“Onde meu avô bebia #1” é o título simples e comovente desta imagem de Stephen J. Morgan.

Beleza. Histórias. Poesia Visual. Isso é encontrado nos lugares mais inusitados.
Morgan encontrou tudo isso no canto de um degradado clube social em Birmingham.

São os temas “belos” – por do sol, flores bonitas, balões de ar quente – que farão você penar de verdade, para encontrar qualquer uma dessas coisas. Os temas “agradáveis” oferecem um pacote de beleza convencional. Claro, todo mundo adora um pôr do sol, mas sua fotografia funcionará, na melhor das hipóteses, apenas como substituto para a coisa real. 

FOTÓGRAFOS MEDIANOS IMITAM A BELEZA.
GRANDES FOTÓGRAFOS CRIAM A SUA PRÓPRIA.

Enxergam além do óbvio e estão em busca de uma versão mais pessoal e surpreendente de beleza. Procure temas que, por qualquer motivo, lhe interessam, e não aqueles que você considera “fotogênicos”.

Trecho de “Leia Isto se Quer Tirar Fotos Incríveis”, de Henry Carroll


Fotografia - Pedro Bueno Seabra
Belo Horizonte, 16 de Março de 2016

Nenhum comentário:

Postar um comentário