FRANCESCA WOODMAN
UMA FOTÓGRAFA INTENSA
Francesca Woodman nasceu numa família de artistas - George e Betty Woodman - em 1958 em Denver, Colorado, nos EUA.
Desde cedo se interessou por fotografia, tendo começado a fotografar aos 13 anos, em médio formato e a preto e branco. Aos 17 anos, ingressou na Rhode Island School of Design (RISD) onde, desde que iniciou os seus estudos, era notório que já sabia, exatamente, o que queria. Depois de algum tempo de estudo, do qual, uma parte em Roma, Francesca mudou-se para Nova Iorque para seguir sua carreira como fotógrafa.
Francesca utilizou elementos do simbolismo, do Barroco, do Surrealismo e do Futurismo. Suas fotos transportam o observador para um ambiente fantasmagórico, profundamente emocional, sensual e até mesmo, ocasionalmente, perturbado e violento. Mas seu trabalho era genial, no sentido de ser pouco comum. Não é possível ficar-lhe indiferente pela beleza, pela estranheza e pela audácia.É, também, fascinante, que ela não tentasse capturar o instante suspenso no tempo, mas antes, preferisse mostrar a fluidez do arrastar do tempo. Sua obra, frequentemente, contém elementos performáticos – fotografando- se ou a amigos próximos em movimento,reduzia e ampliava o registro a um arrasto, produzindo uma arte em B&W gerada através dos longos tempos de exposição, na busca do registro do “movimento estático” tão discutido na fotografia.
Pode-se dizer que o escopo de seu trabalho é o auto-retrato encenado, em que a nudez é um elemento essencial, por ser colocado como parte dos objetos e de todo o ambiente que o envolve. A natureza, as casas tinham um papel fundamental em suas composições. Com esses elementos criava ambientes sinistros e com grande densidade simbólica, onde encenava histórias cheias de melancolia e tristeza, onde ela era o centro de tudo. Interessava-lhe relacionar-se com o espaço e compor jogos complexos, fazendo-se desaparecer numa superfície plana – tornando-se a parede por trás de papeis, escondendo partes de seu corpo por trás de vidros, fazendo parte do chão – constantemente, contrastando a fragilidade e vulnerabilidade do seu próprio corpo com a força dos objetos à sua volta. Os cenários de suas fotografias eram, frequentemente, salas de casas velhas, com paredes descascadas, espaços vazios que remetem ao local onde Francesca cresceu com os seus pais, ambos artistas.Fascinada por limites e fronteiras, seu trabalho explora os árduos limites entre a adolescência e a idade adulta, entre a existência e o derradeiro desaparecimento – a morte.
Os auto-retratos de Francesca Woodman não pretendem nenhuma contextualização com o meio social. Pelo contrário, expressam um mundo interior solitário, através da representação do corpo. Suas fotografias permitem a observação de um imaginário pessoal e um processo de busca individual.
Suas imagens e frases mostram uma pessoa ambiciosa, desejosa de reconhecimento, que possuía ego de artista ,numa psique frágil - combinação que, eventualmente, pode ter contribuído para o final que escolheu para si própria.
Francesa Woodman vivia certa de que tinha um destino. Para muitos, esse destino é nítido em suas fotografias, para outros, permanece oculto nas mesmas. Francesca entregou-se de tal modo ao seu trabalho, que não ter reconhecimento rápido, se tornou o não-reconhecimento de si mesma. A palavra mais comumente utilizada para descrevê-la é “intensa” e essa entrega de si própria ao trabalho, assim como intensidade que lhe era peculiar, nota-se em suas imagens,que se mantém vivas e cheias de significado.
Uma semana antes de seu pai participar da exposição mais importante da sua carreira, no Museu Guggenheim, em 1981, Francesca suicidou-se aos 22 anos. Apesar de seu primeiro livro (“Disordered Interior Geometrie”) ter sido publicado cerca de uma semana antes de sua morte, Francesca manteve-se praticamente, desconhecida enquanto era viva, só ganhando notoriedade em 1986, cinco anos após sua morte, graças a uma exposição no Wellesley College.
Em 2010 C. Scott Willis realizou o documentário ”The Woodmans” , sobre a família de Francesca. Retrata o ambiente familiar e a vida da fotógrafa. ”Creio que a minha maior surpresa foi poder ler seus diários e cadernos e ver seus trabalhos em vídeo”, disse o realizador do documentário. “Neles, descobri que sua obra é muito mais vital do que parece, e que tem muito mais a ver com a celebração da vida, do que com a ausência, como costuma ser divulgado. Creio, como disse o seu irmão no documentário, que a arte era uma religião, para ela e para a sua família. Quem sabe, não é dai, que surgiu o problema”.
A arte não matou Francesca , e sim, deu-lhe vida.
No entanto, quando uma crise afetiva e criativa afetou sua capacidade de trabalho, a artista entrou em depressão profunda, terminando com sua própria vida e deixando, apenas, 120 fotografias que já foram exibidas e publicadas
oi Andreia, não conhecia essa fotógrafa, tampouco seu trabalho. Gostei do que vi. Bem fora do comum as nuances, ângulos e composições.
ResponderExcluirabs, Marcelo Araujo
Fiquei impressionado com esse trabalho. Se fossem hoje, com certeza teríamos muitos dizendo que foi feito no photoshop.
ResponderExcluirAs fotos são fortes e é interessante a forma como o nudismo faz parte da cena, sem se tornar o principal ator.